quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

15+1









Leia ouvindo: Fifteen - Taylor Swift 

Há um ano, virei mocinha (odeio essa palavra). Não dancei valsa num salão lotado nem fui à Disney em uma excursão. Embebedei uns amigos na sala aqui de casa, permaneci sóbria e em seguida embarquei para conhecer um lugar novo. Sentei no banco de trás, pensei na vida, aproveitei a vista, era tudo o que eu queria. Ao menos eu já estaria bem longe no fim do dia.

E foi pensando em ir para mais longe, que, aqui perto, eu tive que fazer alguma coisa. Minha vida tinha que mudar, e a única pessoa que podia fazer isso era eu mesma. E eu tentei, eu juro. Eu acreditei até o fim. Eu ainda estou por perto, e estarei por muito tempo. Tentei. Não posso dizer que foi em vão.

Nada foi em vão. A cada ano, vou amadurecendo um pouquinho, aprendendo algo. Ganho algumas coisas, deixo outras para trás. Se eu aprendi algo, eu não sei, mas a lição foi dada. Será que eu fui aprovada nessa escola? Digo, (hoje eu posso ser clichê?) na escola da vida. Nessa daí eu não vou me formar nunca, já na outra, eu saio de lá ano que vem.

Até parece que eu virei gente. E eu não sei se eu gosto disso. Tô naquela fase de começar a fazer coisas de adulto, com a mesma cabeça de criança. Não fiz amigos, só os perdi, e juro que não foi culpa minha. Acabei percebendo que nem tudo é como a gente pensa e que no fundo ninguém presta. As pessoas guardam muitos segredos, esse ano eu percebi quem nem sempre vale a pena ficar sabendo deles.

Não sei se isso tem a ver com a minha futura profissão, mas eu sou uma péssima pessoa para ouvir uma confissão. Não confie em jornalistas, eles vão se aproveitar da sua informação de alguma forma. A propósito, ando confiando bem menos nas pessoas. Depois, eu mesma confesso algo que não deveria e me arrependo. Não sei guardar os meus próprios segredos.

Descobri que sou mais paranoica que pensava. Agora eu tenho uma (má) fama. Ótimo. Não parece, mas até tenho a cabeça no lugar. Porém, na tentativa de ser racional, eu fui tão irracional que até hoje eu não sei que merda eu estava fazendo. Já tenho um motivo para ter um passado condenável no futuro.

Ainda não sou muito madura, falo muita besteira mas venho aprendendo a ficar calada. Ainda não vou para a balada com os amigos que restaram. Ainda não posso pegar um ônibus. Já posso namorar, mas isso eu dispenso. Ainda não tenho paciência. Já posso falar palavrão perto dos meus pais. Aquela cervejinha eu ainda tenho que tomar na baixa, e pela primeira vez tive vontade de ter logo 18 anos.

Fui uma boa menina? Nem tanto. Tentei. Briguei, briguei, depois tentei a paz. Chorei, chorei, e enxuguei as lágrimas. Aprendi que não dá pra ficar com pena de si mesma. De certa forma, eu gosto de chorar, contanto que ninguém veja. Se ninguém me ajuda, o que posso fazer?

Espera. Alice, contenha-se. Não estrague o seu dia. Não precisa lembrar das coisas ruins.

Sim, precisa. Mas não agora, não hoje. Talvez eu não tenha superado tudo tão bem assim, mas eu tô tentando a cada dia.

Já passou da meia-noite.

E os meus quinze anos foram assim.

Tentei. Errei. Aprendi.

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