sexta-feira, 12 de maio de 2017

Sense8: Não dá para entender, só sentir


UFA! Depois de dois longos anos, mil tretas, mudança na direção, mudança de atores e um especial de natal, a segunda temporada de Sense8 finalmente foi liberada na Netflix! Acabei de assistir e vim correndo contar a vocês o que eu achei.

Para você que não tá sabendo do que eu tô falando, Sense8 é uma série criada por Lilly e Lana Wachowsky (Matrix). que fez o maior alvoroço na internet quando a primeira temporada foi lançada, em 2015. A série conta a história de oito desconhecidos ao redor do mundo que são mentalmente conectados depois do suicídio de uma loira misteriosa. Chamados de sensates, eles tem o poder de ver, falar e sentir o que os outros estão sentindo, como se estivessem lá mesmo. Ao se depararem com a nova habilidade, eles tem que lidar com isso, descobrir o que é que está rolando e por que estão correndo perigo.

Confuso? Normal. Sense8 não é para entender, é para sentir.

Todo esse lance de ficção científica, humanos evoluídos e organizações exterminadoras é só pano de fundo para um propósito muito maior. A série é uma maravilhosa metáfora sobre empatia, conexão com o próximo. Enquanto na vida real a gente tenta imaginar o que se passa com o outro, os sensates se colocam literalmente no lugar dele.

Além de ser outra grande metáfora sobre como nos relacionamos com as pessoas hoje em dia, com celulares e internet, por exemplo. Nada a ver? Comece a assistir a série e preste atenção. Você também vai notar essa relação.


Se a premissa geral já é bem complexa, acompanhar os dramas particulares de cada sensate em realidades compleeeetamente diferentes é muito interessante. É quase como uma novela, cada um vive sua história em torno de algo maior. Wolfgang (Max Rimelt) é um chaveiro de Berlim envolvido com o crime organizado; Capheus "Van Damme" (Aml Ameen/Toby Onyoungo) é um motorista de ônibus queniano desesperado para conseguir remédios para sua mãe soropositiva; Sun (Bae Doona) é uma executiva sul coreana que descobre que o irmão deu um desfalque na empresa do pai e tem que assumir a culpa para salvar a empresa; Nomi (Jamie Clayton) é uma mulher transexual lésbica, ativista e hacker de São Francisco; Lito (Miguél Angél Silvestre) é um ator mexicano que esconde que é gay para não prejudicar a carreira; Kala (Tina Desai) é uma farmacêutica de Mumbai que está prestes a casar com um homem que não ama; Riley (Tuppence Middleton) é uma DJ islandesa que fugiu para Londres por causa de um passado conturbado; e Will (Brian J. Smith) é um policial de Chicago atormentado por um crime nunca solucionado que presenciou.

Ufa.

Imagina quantas situações peculiares esse grupo não viveu? A preocupação com representatividade e diversidade é louvável e super importante para todo o desenvolvimento da trama. Não é a toa que o público LGBT se identifique tanto com a série. Lito vive um conflito bastante comum entre os gays, Nomi, uma transexual criada e vivida por transexuais - Jamie Clayton, Lilly e Lana Wachowsky são transexuais -, o que faz toda diferença uma vez que finalmente isso é abordado do ponto de vista delas. Fora questões relacionadas ao machismo na trajetória de Sun e Kala, e o eterno conflito vivido por Capheus num país africano.

Do ponto de vista cultural, tendo em vista uma história complexa pra baralho, é impossível não cair em alguns estereótipos. O africano pobre, a indiana numa sociedade conservadora, russos criminosos, latinos passionais. Mas de qualquer forma, esses estereótipos não deixam de ser representações da realidade, não é mesmo? Não sei, isso não me incomodou.

Ok, mas se você já assistiu a primeira temporada, não tem nenhuma novidade em tudo o que eu falei. Vamos então falar do que interessa. Ah, e se você não está a fim de assistir a primeira temporada ou assistiu e não entendeu nada, a Carol Moreira te explica tudinho.


O grande diferencial da segunda temporada - exceto o episódio de Natal, que foi maravilhoso, mas um baita de um fan service - é que dessa vez a questão da ficção científica fica em primeiro plano. Enquanto a primeira temporada aborda mais sobre a descoberta da nova habilidade pelos sensates e como a conexão entre eles os ajuda a evoluir na trajetória pessoal de cada um, na segunda, as histórias começam a se unir cada vez mais, tudo isso para deter o inimigo.

Sem querer dar muitos spoilers, eles são perseguidos por um tal de Whispers/Sussurros (Terrence Mann) que trabalha para a BPO (Biological Protection Organization), organização que pretende caçar e exterminar os sensates. Agora que eles já entendem o que são e qual é a ameaça, eles unem forças para lutar contra o inimigo.

Por mais que as histórias individuais de cada um não deixem de evoluir, nessa temporada eles perdem muito mais tempo com explicações, flashbacks e investigações sobre os sensates, o que, na boa, não é o aspecto que mais gosto da série. Embora nada faça sentido sem toda essa fantasia e tudo isso seja necessário para o desenvolvimento da trama, confesso gostei mais da primeira temporada. Talvez por não ser a maior fã de ficção científica, o material humano, os conflitos internos, as conexões e reflexões me atraem muito mais. Antes de fazer sentido, prefiro que me faça sentir. Mas calma, ainda temos muita coisa boa por aqui. Temos novos sensates, novos clusters (grupo de sensates), temos até treta entre eles. Inclusive, digo logo que está entre minhas cenas favoritas. Adoro.


Essa temporada foi um pouco mais leve que a primeira. Até tem cenas de sexo com nu frontal e tudo, mas dessa vez eles maneiraram mais um pouco. Depois do episódio de Natal, não tem mais nenhuma orgia, por exemplo. No mais, continuamos vendo aquelas frases inspiradoras de efeito, climão de clipe musical (aumenta o som quando tocar What's up), discursos para aplaudir de pé, lutas de perder o fôlego e algumas cenas de sexo para não ver com seus pais ao lado.

O final é até empolgante e interessante. Acontece algo que espero desde o primeiro episódio, no entanto, é tudo tão rápido que me deixou frustrada. O momento merecia um destaque muito maior, e não ser cortado abruptamente. Aqueles que já assistiram vão entender. É só para a gente ficar p. da vida esperando a terceira temporada? Talvez. 

Infelizmente, por ser um projeto extremamente ambicioso e caro, já estão rolando os boatos que a série só irá até a terceira temporada. Só a segunda temporada demorou oito meses para ser gravada e se passou em 17 cidades diferentes do mundo. Calcula-se que cada episódio custou cerca de 9 milhões de dólares. Pesado, né?

Mas a gente entende, e só quer nem que seja mais uma temporada maravilhosa para maratonar e amar. <3

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