Malas prontas, documentos a vista, abraços dados, despedidas
feitas. Entramos no carro, eu, minha mãe, minha irmã, meu tio e meu pai. A
parte difícil não tinha nem começado. Grudei na minha mãe e na minha irmã nas
quatro horas de viagem até Recife, onde pegaria meu avião. Era as nossas
últimas horas juntas antes de... ir embora. Conversávamos sobre coisas como
nomes de cidade e uma obra que nunca termina. Ouvi música, pensei e quase deu
vontade de chorar. Eu nunca estive fora tanto tempo, tão longe. Mas não seria a
sua saudade que me atrapalharia, não. Pois nem por elas, nem por ninguém eu me
desfaço dos meus planos.
Cheguei no aeroporto
e comecei a sentir o quão difícil seria carregar o peso das malas. Fiz o
check in e comi uma pizza. Já não dava mais para adiar, última chamada.
Abracei, me despedi, e chorei, bem, um pouco. Não costumo chorar na frente de
pessoas. Mas depois que a perdi de vista, chorei, e meu escudo anti-choro em
público já não funcionou mais. Me abracei com o meu pai. “Agora é com a gente”,
ele falou. Enxuguei meus olhos úmidos, e segui.
Minha barriga estava como o polo norte quando entrei naquele
tubo, ou seja lá o que seja aquilo, que te leva ao avião. Engraçado foi não
sentir tanto o medo de voar que muito me incomodava antes de embarcar. E fiquei
desapontada por não ficar na janelinha, justo na minha estreia. Umas 10 horas
depois... Entre dormir, acordar, tomar uma água, e ver um filme, nós começamos
a descer. Eu bisbilhotava da janela dos outros a Alemanha que me esperava, e o
meu sorriso aumentava cada vez mais.
Meu pai em pé no trem lotado. Yeah, bela estreia heim. |
Eu não acreditava estar ali. Até então nunca tinha visto ao
vivo certos tipos de gente que estavam naquela multidão, e isso me dava um
ânimo extremo. Depois de fazer todas as chatices que eu tinha que fazer, nós
fomos para a estação de trem do aeroporto. A cada passo eu me impressionava com
alguma coisa. Levamos um bom tempo até aprender a mexer na máquina que vende os
tickets, mas deu certo. Fomos embora no nosso primeiro trem por lá, um
confortável trem bala, que me levou a vários lugares incríveis nesse continente,
depois dessa, eu passei a amar os trens assim como meu pai. Mas não fizemos
reserva, o trem estava lotado, de pessoas e de malas, então ficamos em pé. Que
bela estreia. E foi assim que chegamos a Colônia, e começamos a fazer dos
nossos sonhos, realidade.