Quem diz que
mudanças não assustam, é um tremendo mentiroso. Sair da zona de conforto e
pisar num terreno desconhecido é apavorante. Principalmente quando saímos das
planícies calmas do ensino fundamental e chegamos no terreno acidentado do
ensino médio, andando numa velocidade cada vez mais rápida, sem nem conseguir
ver direito a paisagem.
Mas que
porcaria é essa que tá no quadro? Que raio de exercício é esse? Já é assunto novo?
Trabalho? Que professora filha da mãe, não liga pro trabalho que tive. Prova? Ok,
tenho que passar a semana estudando. Ai meu Deus, não sei de nada. Tirei 0. Desisto.
Descobri nos últimos meses, que
os últimos três anos da escola são assim. Alunos nerds na recuperação, alunos
ruins ficando para trás, e três anos dedicados a estudar coisas que não te
interessam e nunca serão colocadas em prática, tudo em prol de uma vaga na
universidade. São três anos de desespero e loucura, mas que mesmo assim não vai
te preparar para a vida ainda mais maluca que nos espera do lado de fora da
escola.
Então o
boletim azul piscina se transmuta num papel de notas num tom vermelho sangue. Você
chora. Sua mãe se decepciona e põe a culpa na internet e esquece que já passou por isso. Você pensava que seria boa para sempre. E descobre que ser boa não é o suficiente. Tem que ser a melhor. A melhor da turma, da escola, do estado, do país. Você se acha burra e
incapaz. Você chora ainda mais.
Você provavelmente ainda não sabe o que quer da vida, e se sabe, não sabe como vai chegar lá. Você se toca que seus melhores amigos vão competir com você, e que daqui para frente é cada um por si. A palavra "concorrência" faz a sua espinha gelar, e você está prestes a socar a cara de quem falar ENEM e vestibular outra vez, sendo que você só consegue pensar nisso.
Você vai passando, se arrastando, eis que você chega lá. Acabou. Saiba que
esses três anos passarão rápido e você sentirá (acredite!) saudades de tudo. Chora de felicidade e
tristeza por deixar esse mundo para trás. Aí sim, é que a coisa fica séria: a
faculdade.
Ou melhor, até que a gente conheça o tão temido mercado de trabalho. Porque crescer, irmão, não é fácil não.